sábado, 29 de outubro de 2011

Responsabilidade Social

O vendedor de frutas que resolveu semear sonhos


Em 1998, o comerciante Manuel da Silva Filho, 60, o Manelão, criou o Centro de Apoio Nossa Turma, trazendo esperança às famílias que viam pouca ou nenhuma perspectiva de futuro para seus filhos. Através da inclusão social resgatou a infância dessas crianças e trouxe a cidadania para as famílias que viviam na comunidade próxima à CEAGESP - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. Mas, somente em 2 de maio de 2001 foi reconhecido pelos órgãos competentes como Associação de Apoio à Infância e Adolescência Nossa Turma.

A equipe atualmente é formada por educadores, auxiliares de classe, coordenadora educacional, coordenadoras pedagógicas, auxiliares administrativos, copeiras, auxiliares de limpeza, fonoaudióloga, psicóloga, treinador de esportes, professoras de artes, educadora ambiental, coordenador ambiental, vigilantes, lavadeira e professor de alfabetização. Há também um grupo de voluntários que completam esta equipe. Os educadores promovem trabalhos de desenvolvimento da coordenação motora e de alfabetização, levando em consideração a idade de cada grupo.

As atividades, que giram em torno de lazer educativo, recreação, convivência e atividades terapêuticas, envolvem uma horta onde ensinam educação ambiental às crianças e oferecem cursos de capacitação profissional de jardinagem e paisagismo aos jovens e adultos; escolinha de futebol; oficina de artes; laboratório de informática, promovendo inclusão digital; aulas de reforço escolar para alunos com dificuldades; fonoaudiologia e acompanhamento psicológico gratuito às crianças e adolescentes com dificuldades específicas.

A Comunidade com Qualidade é um programa da Nossa Turma, onde as mães das crianças freqüentam cursos que abrem novas perspectivas de geração de renda, trazendo informações essenciais sobre higiene, saúde, beleza, aproveitamento de alimentos; bordado e costura, confecção de caixas, entre outros. Muitos moradores da comunidade participam de cursos de alfabetização de adultos e inclusão digital.

A Nossa Turma, que é uma instituição sem fins lucrativos, não existiria sem as doações que recebe. Hoje, muitas pessoas e empresas mantêm o projeto. A Ceagesp e os comerciantes do entreposto da capital contribuem mensalmente. Além das doações e patrocínios, parcerias como a Fundação Abrinq, também são fundamentais.
Por Michel Araújo


Abaixo a entrevista com Manuel da Silva Filho, 60 anos, o Manelão, Presidente da Associação de Apoio à Infância e Adolescência Nossa Turma.

Qual era sua vivência com essas crianças antes de serem atendidas pela instituição?
Sou comerciante de frutas aqui na Ceagesp e sempre via crianças perambulando pelo mercado, trabalhando na montagem de caixotes e muitas vezes vi crianças roubando caixotes prontos pra vender aos comerciantes, eram pequenos furtos que acabavam conduzindo essas crianças à criminalidade. Então resolvi criar um projeto para ocupar essas crianças e acabar com o trabalho infantil dentro da companhia.

Como é a demanda pelo atendimento da instituição?
As mães vêm até a instituição procurar vaga para suas crianças e nos mantemos uma fila de espera por essas vagas que obedece a ordem de chegada. Porém sempre procuramos “dar um jeitinho” pra inserir mais uma ou duas crianças nas classes, atendendo um número maior de crianças, mas de modo que não comprometa o conforto e o desenvolvimento do conjunto.

Existem parcerias com outras ONG's ou ainda a intenção de formar parcerias?
Temos algumas empresas parcerias como a Ceagesp, a Abrinq, o BCA (Banco Ceagesp de Alimentos), entre outras. Com outras ONG's fazemos parcerias apenas na área do esporte, onde convidamos meninos de outras ONG's para jogar aqui e levamos nossas crianças para disputar partidas nas quadras deles.

Vocês tem indicadores de resultado da inclusão social dos jovens atendidos na instituição? Sabe se houve redução nos índices de criminalidade infantil, evasão escolar ou casos de envolvimento com drogas?
Conseguimos acabar com o trabalho infantil dentro do entreposto da capital e houve também uma redução de 90% no índice de furtos e vandalismos na dependências da Ceagesp. Pois os jovens que antes praticavam pequenos delitos aqui, agora tem irmãos e irmãs que estudam com a gente, tem mães que participam das nossas oficinas e por isso deixaram de cometer esse crimes.

Muitas ONG's iniciam, mas não conseguem concluir seu projeto social, você atribui essa dificuldade à falta de patrocínio ou falta de planejamento? O que é preciso para obter êxito num projeto social como a Nossa Turma?
O insucesso muitas vezes se dá por falta de recursos financeiros, mas também por falta de perseverança. Muitas vezes vi portas se fechando, muitas vezes ouvi não como resposta, mas nunca desanimei. Procuro motivar minha equipe sempre para que haja comprometimento por parte de todos, é preciso “vestir a camisa da instituição”. Acredito que a chave para o sucesso de um projeto social seja a motivação pessoal, comprometimento e perseverança, além é claro, do amor pelo que se faz.


Entrevista feita por Michel Araújo, aluno do curso de fotografia e de Jornalismo em Comunidade da Abenaf,  com o tema Responsabilidade Social.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo otimo ping pong!!!
    Tema interessantissimo, cuja a pauta está sempre em alta...
    Bem explorado e com uma abordagem coerente!!!

    Aplausos à todos!!!***

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